Confederação dos Cariris, também chamada de "Guerra dos Bárbaros", foi um movimento de resistência de indígenas brasileiros da nação Cariri (ou Kiriri) à dominação portuguesa, ocorrido entre 1683 e 1713.
Índice
1 Os Cariris
2 Origens da Confederação
3 A Guerra dos Bárbaros
4 Referências
Os Cariris
Os cariris viviam em vastas áreas dispersas entre os rios São Francisco (Bahia) e Parnaíba (Piauí). Supõe-se que tenham migrado do norte, em busca de terras mais adequadas à sua cultura neolítica.
Dentre os povos cariris, destacavam-se:
os Inhamuns - habitantes dos sertões de igual nome
os Cariús - localizados sobretudo na serra do Pereiro e nas terras compreendidas entre os rios Cariús e Bastões
os Crateús - que se localizavam na bacia superior do rio Poti
os Cariris, propriamente ditos - que viviam no extremo sul do Ceará.
Dedicavam-se, entre outras atividade, à colheita do caju, usado como alimento e na fabricação de um vinho denominado "mocororó". Segundo Capistrano de Abreu, o nome "cariri" significa "tristonho, calado, silencioso'. Ele os descreve como "valentes e de terrível resistência, talvez os de mais persistência que os portugueses encontraram".
Origens da Confederação A rigor, embora tenham inicialmente recebido os europeus amistosamente, os indígenas brasileiros jamais aceitaram, sem resistência, a dominação do homem branco, sobretudo a partir da penetração do conquistador no interior do país, na busca de metais preciosos ou na expansão das fazendas pastoris. Esse avanço geralmente se tornava sinônimo de massacre dos nativos, escravização dos sobreviventes, violência sexual e usurpação das terras indígenas. Não menos nefasta, para eles, era a ação dos missionários, cujo processo de catequização os "amansava", destruindo sua cultura e tornando-os submissos ou aparentemente dóceis à dominação.
A resistência dos índios se fazia pela fuga dos aldeamentos missionários (em sua maioria, jesuítas) e de outros tipos de cativeiro, pela defesa das aldeias contra as investidas dos bandeirantes, por ataques a vilas e fazendas, bem como por formas variadas de suicídio, quando aprisionados. Essa resistência, ainda que heróica, mostrou-se infrutífera, não somente face à superioridade militar do homem branco, como também devido à dificuldade dos indígenas de se unirem contra o inimigo comum. Ao contrário, divididos por rivalidades tribais, muitos se prestavam a auxiliar os europeus na luta contra outros indígenas. Nas raras ocasiões em que conseguiram se unir, na forma de confederações, os conquistadores tiveram muito trabalho para dominá-los.
Uma dessas confederações foi a dos cariris, que durou trinta anos, envolvendo nativos principalmente do Ceará, mas também algumas tribos de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Ela foi uma resposta tardia ao avanço de poderosos sesmeiros (como o célebre Garcia d’Ávila, da "Casa da Torre"), que se apossavam de vastos territórios, invadindo terras ocupadas por indígenas e provocando vários conflitos.
A Guerra dos Bárbaros
A história dessa confederação se divide em três fases. A primeira se inicia com uma revolta indígena na região norte-rio-grandense do Açu; a segunda, de maior duração, teve lugar na Paraíba, ao longo de toda a povoação de Bom Sucesso do Piancó; a terceira e derradeira, concentrou-se no Ceará.
A revolta começou com ataques generalizados contra vilas e fazendas, resultando em mortes e destruição de patrimônio. Em face dos pedidos de socorro que lhe chegavam das zonas conflagradas, Manuel da Ressurreição, então no governo-geral do Brasil, decidiu requisitar bandeirantes de São Paulo e de São Vicente, para acabar com a "anarquia".
Mas a presença dos paulistas não debelou a revolta, ao contrário, dilatou-a para outras regiões, provocando a adesão dos Anacés, Jaguaribaras, Acriús, Canindés, Jenipapos, Tremembés e dos Baiacus, que se mostraram os mais terríveis e constantes inimigos dos colonizadores, na zona do baixo Jaguaribe.
A vila do Aquiraz, então sede da Capitania do Ceará, foi atacada, morrendo cerca de 200 pessoas. O resto da população fugiu, defendendo-se como pôde pelo caminho, que se semeou de mortos, indo acolher-se à proteção dos canhões da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, na foz do Riacho Pajeú.
Após anos de luta, entrou em ação o temível regimento de ordenanças do coronel João de Barros Braga. Essa cavalaria, vestida de couro como os vaqueiros e composta de homens conhecedores do terreno em que pisavam, bem como do modo de guerrear dos indígenas, promoveu uma expedição guerreira (1713) que subiu pelo Vale do Jaguaribe ao do Cariri, até os confins piauienses, exterminando todos os indígenas que encontrou pelo caminho, sem distinção de sexo ou idade.
Foi assim que, afogada em um mar de sangue, extinguiu-se a Confederação dos Cariris, um triste episódio da História do Brasil, referido nos livros de História dos vencedores como "Guerra dos Bárbaros".
Referências bibliográfico
Sampaio, Filgueira - "História do Ceará" - Editora do Brasil S.A.
Farias, Aírton de - "História do Ceará - Dos Índios à Geração Cambeba" - Ed. Tropical
Abreu, Capistrano J. - "Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil" - Ed. Itatiaia
Índice
1 Os Cariris
2 Origens da Confederação
3 A Guerra dos Bárbaros
4 Referências
Os Cariris
Os cariris viviam em vastas áreas dispersas entre os rios São Francisco (Bahia) e Parnaíba (Piauí). Supõe-se que tenham migrado do norte, em busca de terras mais adequadas à sua cultura neolítica.
Dentre os povos cariris, destacavam-se:
os Inhamuns - habitantes dos sertões de igual nome
os Cariús - localizados sobretudo na serra do Pereiro e nas terras compreendidas entre os rios Cariús e Bastões
os Crateús - que se localizavam na bacia superior do rio Poti
os Cariris, propriamente ditos - que viviam no extremo sul do Ceará.
Dedicavam-se, entre outras atividade, à colheita do caju, usado como alimento e na fabricação de um vinho denominado "mocororó". Segundo Capistrano de Abreu, o nome "cariri" significa "tristonho, calado, silencioso'. Ele os descreve como "valentes e de terrível resistência, talvez os de mais persistência que os portugueses encontraram".
Origens da Confederação A rigor, embora tenham inicialmente recebido os europeus amistosamente, os indígenas brasileiros jamais aceitaram, sem resistência, a dominação do homem branco, sobretudo a partir da penetração do conquistador no interior do país, na busca de metais preciosos ou na expansão das fazendas pastoris. Esse avanço geralmente se tornava sinônimo de massacre dos nativos, escravização dos sobreviventes, violência sexual e usurpação das terras indígenas. Não menos nefasta, para eles, era a ação dos missionários, cujo processo de catequização os "amansava", destruindo sua cultura e tornando-os submissos ou aparentemente dóceis à dominação.
A resistência dos índios se fazia pela fuga dos aldeamentos missionários (em sua maioria, jesuítas) e de outros tipos de cativeiro, pela defesa das aldeias contra as investidas dos bandeirantes, por ataques a vilas e fazendas, bem como por formas variadas de suicídio, quando aprisionados. Essa resistência, ainda que heróica, mostrou-se infrutífera, não somente face à superioridade militar do homem branco, como também devido à dificuldade dos indígenas de se unirem contra o inimigo comum. Ao contrário, divididos por rivalidades tribais, muitos se prestavam a auxiliar os europeus na luta contra outros indígenas. Nas raras ocasiões em que conseguiram se unir, na forma de confederações, os conquistadores tiveram muito trabalho para dominá-los.
Uma dessas confederações foi a dos cariris, que durou trinta anos, envolvendo nativos principalmente do Ceará, mas também algumas tribos de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Ela foi uma resposta tardia ao avanço de poderosos sesmeiros (como o célebre Garcia d’Ávila, da "Casa da Torre"), que se apossavam de vastos territórios, invadindo terras ocupadas por indígenas e provocando vários conflitos.
A Guerra dos Bárbaros
A história dessa confederação se divide em três fases. A primeira se inicia com uma revolta indígena na região norte-rio-grandense do Açu; a segunda, de maior duração, teve lugar na Paraíba, ao longo de toda a povoação de Bom Sucesso do Piancó; a terceira e derradeira, concentrou-se no Ceará.
A revolta começou com ataques generalizados contra vilas e fazendas, resultando em mortes e destruição de patrimônio. Em face dos pedidos de socorro que lhe chegavam das zonas conflagradas, Manuel da Ressurreição, então no governo-geral do Brasil, decidiu requisitar bandeirantes de São Paulo e de São Vicente, para acabar com a "anarquia".
Mas a presença dos paulistas não debelou a revolta, ao contrário, dilatou-a para outras regiões, provocando a adesão dos Anacés, Jaguaribaras, Acriús, Canindés, Jenipapos, Tremembés e dos Baiacus, que se mostraram os mais terríveis e constantes inimigos dos colonizadores, na zona do baixo Jaguaribe.
A vila do Aquiraz, então sede da Capitania do Ceará, foi atacada, morrendo cerca de 200 pessoas. O resto da população fugiu, defendendo-se como pôde pelo caminho, que se semeou de mortos, indo acolher-se à proteção dos canhões da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, na foz do Riacho Pajeú.
Após anos de luta, entrou em ação o temível regimento de ordenanças do coronel João de Barros Braga. Essa cavalaria, vestida de couro como os vaqueiros e composta de homens conhecedores do terreno em que pisavam, bem como do modo de guerrear dos indígenas, promoveu uma expedição guerreira (1713) que subiu pelo Vale do Jaguaribe ao do Cariri, até os confins piauienses, exterminando todos os indígenas que encontrou pelo caminho, sem distinção de sexo ou idade.
Foi assim que, afogada em um mar de sangue, extinguiu-se a Confederação dos Cariris, um triste episódio da História do Brasil, referido nos livros de História dos vencedores como "Guerra dos Bárbaros".
Referências bibliográfico
Sampaio, Filgueira - "História do Ceará" - Editora do Brasil S.A.
Farias, Aírton de - "História do Ceará - Dos Índios à Geração Cambeba" - Ed. Tropical
Abreu, Capistrano J. - "Caminhos Antigos e Povoamento do Brasil" - Ed. Itatiaia