sexta-feira, 30 de abril de 2010

Povo pega em armas sob ordens de Floro Bartolomeu da Costa para defende o Padre Cícero



Professor José Cícero Gomes*

Não são raros artigos degradando ou exaltando apaixonadamente a imagem do padre Cícero Romão batista tenho a convicção que a história deste controvertido Brasileiro deve ser repensada e recontada a luz da razão, a primeira tentativa foi feita nos anos 60 pelo sociólogo estadunidense Ralph della Cava, em sua obra Milagre em Juazeiro. Trabalho este que durou 12 anos de sua vida para fica pronto e lhe rendeu o doutorado em sociologia. Não basta ler o trabalho de alguns incautos desinformados, e sair reproduzindo falsas verdades. Faz-se necessário repensamos a história do Cariri cearense do início do século XX, sem paixões e leviandades, ou simplesmente o que todos vêm fazendo. Reproduzir inverdades a cerca do conflito entre Marretas e Acciolis ocorrido no Ceará em 1914, tendo como palco o Juazeiro. Essa questão nos leva a indagar: A quem interessa atacar a imagem do Pe. Cícero? E a quem interessa exalta? Não podemos esquecer que a interpretação historiográfica do historiador depende do seu ponto de vista sobre os fatos e de sua ideologia.

Não foi Padre Cícero que convocou os romeiros para a luta contra as forças da capital em 1914. Mas, Dr. Floro usando de um estratagema cooptou os sertanejos, sabendo da fidelidade dos romeiros ao seu "Padim Ciço". Dr. Floro alega que Franco Rabelo estavam enviados homens para arrancar a cabeça de Padre Cícero. Logo ele convenceu os romeiros a defender seu Padrinho, o sertão nordestino foi novamente abalado por uma grande revolta popular de motivação religiosa, mas de caráter político ocorrida em Juazeiro do Norte, na região do Cariri interior do estado do Ceará.

Padre Cícero afirmava categoricamente que a chefia desse movimento, coube a seu grande amigo Dr. Floro Bartolomeu da Costa. A revolução de 1914 foi apoiada pelo Governo Federal e tinha por objetivo de depor o Presidente do Ceará, Cel. Franco Rabelo. Com a vitória da revolução, Padre Cícero reassumiu o cargo de prefeito, pois ele havia sido retirado pelo governo deposto, e seu prestígio cresce muito no Juazeiro e região. Sua casa, antes era visitada apenas por romeiros, passou também a ser visitada por políticos e outras autoridades. Porém, o padre Cícero nunca abriu mão de sua identidade sacra, do seu papel de guia religioso, de líder espiritual de seu povo, para se tornar um político profissional, tampouco abriu mão da mística do “milagre” e de sua visão messiânica, simbólica do catolicismo popular, daquele primeiro sonho que teve quando Cristo encarregou-o de cuidar do Juazeiro e de seu povo. Este perfil sem dúvida não de um “Coronel” latifundiário ou de um político das classes dominantes como alguns historiadores por desconhecer os fatos tentam pintar um padre coronel. Após a proclamação da República no Brasil, em 1889, o quadro político-econômico do Ceará começou a se transformar. Alguns anos depois, teria início a poderosa oligarquia acciolina, que recebeu esse nome por ser comandada pelo comendador Antônio Pinto Nogueira Accioli, que governou o estado de forma autoritária e monolítica entre 1896 e 1912. Seu sucessor, Franco Rabelo (1912-1914). Chega ao poder, obtendo o referendo de apenas 12 deputados, quando necessitava de 16. O acordo e a aproximação de Rabelo com o grupo político de Paula Rodrigues levou muito ex-aliados para oposição. Rabelo acabou renunciando em 14 de março de 1914 diante da forte oposição do padre Cícero e de Floro Batolomeu da Costa. A situação de desesperadora miséria e abandono social era uma marca profunda do Cariri cearense nessa época, o que levou Padre Cícero a entrar na política para proteger seus pobres, e apóia a decisão de Floro em posicionar-se ao lado da oligarquia de Nogueira Accioli. Juazeiro do Norte era uma cidade não fazia muito tempo que havia se emancipado do município do Crato. Seu surgimento se deveu a um sonho do Padre Cícero, onde Cristo encarregou-o de cuidar do Juazeiro e de seu povo. Mas após suposto milagre da Beata Maria de Araújo (cuja hóstia teria se transformado em sangue), atraiu o olhar reprovador, a perseguição, o abandono e a excomunhão de sua igreja a qual foi submisso e fiel até seus últimos dias, mas também conquistou uma imensa massa de sertanejos pobres e religiosos que iam ao seu encontro em busca de refrigero para a alma e para o corpo, já que ele matava fome de muitos que o procurava, e também passou a conquistar inimigos entre a pseuda aristocracia cratense que não passava de meia dúzia de coronéis e seus apaniguados. Estes passaram a ver o Padre Cícero como inimigo porque ele acolhia os pobres que fulgiam da exploração e da submissão. Muitos passaram a morar em Juazeiro, de modo que em pouco tempo o local possuía milhares de moradores, e Padre Cícero os ensinavam alguns ofícios e orientava aqueles que tinham profissões a serem multiplicadores e Juazeiro vira uma cidade oficina e oratório. Como não tinha o apoio da alta hierarquia católica, Padre Cícero procurou evitar que Juazeiro tivesse o mesmo fim trágico de Canudos e aliou-se ao poder político dos coronéis. Daí o porquê de muitos ainda hoje, o ter como um padre "coronel de batinas”. Quanto ao Padre amigo de cangaceiros e outra inverdade, como Cristo, o sacerdote veio para os pecadores e não para os livres de pecados. Lampião era mais um afilhado como tantos no sertão nordestino que assim se consideravam, ele só esteve uma vez em Juazeiro do Norte, e entrou sozinho na cidade. Ele enviou um cabra para pedir permissão ao padrinho para entrar, mas Padre Cícero só permitiu a sua entrada, e ele deixou a cabroeira na entrada da cidade e foi pedi sua bênção.

O povo de Juazeiro, porém, não lutou por uma defesa política. Mas para defender o seu o "Padim Ciço". Eles creditaram ser aquela uma agressão contra Padre Cícero, pois a revolta popular foi articulada por Dr. Floro e os acciolinos da região com o objetivo de retomar o governo do Ceará.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Siará


História do Ceará

A história do Ceará tem início com a criação da "Capitania do Siará", O atual nome Ceará vem da palavra tupi que significa canto da jandaia, uma espécie de pequeno papagaio grasnador que se encontra na listra de espécie em via de extinção. Segundo registro do governo colonial português a Coroa concede a capitania do Siará a Antonio Cardoso de Barros em 1535. Uma expedição comandada pelo açoriano Pêro Coelho de Souza fundou na região, a colônia denominada Nova Luzitânia em 1603. Juntamente com o grupo, chegou também um rapaz de 17 anos, Martim Soares Moreno, considerado o verdadeiro fundador do Ceará. Conhecedor da língua e dos costumes indígenas, mantinha amizade fraternal com os nativos, o que lhe valeu fundamental apoio para a derrocada dos franceses e holandeses que também pretendiam colonizar a região. Em 1619, depois de muitas lutas contra invasores estrangeiros, naufrágios e prisões, Soares Moreno obteve uma carta régia que lhe dava o título de Senhor da Capitania do Ceará, lá se fixando por muitos anos. Seu romance com a índia Iracema foi imortalizado pelo escritor brasileiro José de Alencar, em seu livro intitulado "Iracema".

No Ceará, a ocupação se deu a partir de duas rotas distintas: uma pela costa litorânea, saindo de Pernambuco em direção ao Maranhão e Pará, e a outra pelo interior, vinda da Bahia e de Pernambuco, compreendendo a área que vai do médio São Francisco até o rio Parnaíba, nos limites do Piauí e Maranhão. O Sertão cearense foi ocupado através da pecuária extensiva. Seu principal agente - o vaqueiro - correu caatinga a dentro para formar um pequeno rebanho e estabelecer-se.

O Ceará fez parte do Estado do Maranhão e Grão-Pará em 1621. Foi ainda invadido duas vezes, em 1637 e 1649, pelos holandeses que ocupavam a região onde hoje se encontra o Estado de Pernambuco, mantendo-se a ele subordinado até conquistar sua autonomia, em 1799. O desenvolvimento da pecuária em Pernambuco e na Bahia levou criadores a ocuparem o interior do Ceará. As vilas foram se formando junto às grandes fazendas ou nos pontos de descanso das tropas vindas do sul.

A historiografia clássica já demonstrou que a economia pastoril colonial do Ceará significou a presença dominante de homens livres entre os vaqueiros e seus auxiliares, na sua maior parte indígenas. Daí a presença predominante da cultura indígena na nossa formação.

Com a entrada do algodão no circuito exportador (entre 1780 e 1820), as mudanças na estrutura social do sertão se aceleram. No Ceará, algodão e gado não se colocavam como atividades excludentes. Pelo contrário. Eles passam a ser o binômio determinante no nosso sertão.

Em 1824, o Ceará participou da Confederação do Equador, juntamente com os Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Os principais confederados se encontravam na região do Cariri Cearense. Ali viveu na cidade do Crato a heroína Bárbara Pereira de Alencar, sem dúvida, esta pernambucana de nascimento e cearense de coração é um dos maiores símbolos da mulher caririense. Guerreira, idealista, líder da revolução de 1817 no Cariri.

O Estado começou a se desenvolver na segunda metade do século XIX, com a chegada da navegação a vapor, das estradas de ferro, da iluminação a gás e do telefone. Foi a primeira província brasileira a libertar seus escravos por motivos que nos obrigam a desmistificar os relatos historiográficos de cunho positivista e liberal, de uma abolição “precoce” (1884), e também uma das primeiras províncias a aderir à República.

Na virada deste século, o espaço cearense estava já nitidamente circunscrito: sertão do gado e do algodão, Fortaleza litoral, entreposto comercial. Neste quase cem anos que se seguiram, o sentimento coletivo criou uma espécie de nação cearense, com civilização e cultura próprias, seus artistas e seus sábios, cujas obras no todo refletem a geografia física e social deste pedaço do Brasil.

Cícero

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Historia de Juazeiro do Norte




Vejamos, inicialmente como nasceu à cidade de Juazeiro do Norte no Cariri cearense. A origem se encontra no lançamento da pedra fundamental de uma capelinha em honra de Nossa Senhora das Dores, em 15 de setembro de 1827, em uma localidade denominado "Fazenda Tabuleiro Grande" (pertencente ao município de Crato) de propriedade do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, marca o início da história desta cidade sul cearense que é um misto santuário e oficina, uma cidade voltada para o rosário e para o trabalho. À medida que os viajante e tropeiros que faziam cruzavam a fazenda Tabuleiro Grande com direção ao Crato, passaram a pernoitar à margem da velha estrada Missão Velha-Crato, sobre a proteção da ramagem de três frondosos juazeiros existentes em frente à capela de Nossa senhora das Dores. Com o passar do tempo estes pernoites tornou-se constante, e adjacente a capela surgir os primeiros casebres que serviam de moradias e pontos comerciais (bodegas), dando início ao processo de povoamento da atual Juazeiro do Norte. Porém, se deve ao Padre Cícero.

Etimologia: o topônimo Juazeiro deve-se a uma conhecida árvore, muito comum no Nordeste, que resiste à seca mais inclemente, permanecendo sempre viçosa, chamada cientificamente "ziziphus juazeiro". A palavra é híbrida, tupi-portuguesa: jua ou iu-à (fruto de espinho) mais o sulfixo eiro.

Em 1872 chega em “Joazeiro”, Um jovem recém ordenado, Cícero Romão Batista. Oriundo da cidade do Crato, no seminarista da Prainha fez voto de castidade aos doze anos e substituiu o Padre Pedro como capelão da Capela N. S. Das Dores do povoado. O local era um pequeno aglomerado humano com duas pequenas ruas (rua Grande e rua do Brejo), onde habitavam poucas famílias. Entre elas destacavam-se: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de Menezes.Um fato extraordinário, acontecido pela primeira vez no dia primeiro de março de 1889, transformou a rotina do lugarejo e a vida do Padre Cícero para sempre. Naquela data, ao participar de uma comunhão reparadora, oficiada pelo Padre Cícero, uma beata muito piedosa, chamada Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo, ao receber a hóstia consagrada, não pôde degluti-la porque a mesma se transformou em sangue. O fato repetiu dezenas de vezes e o povo acreditou que se tratava de um novo derramamento de sangue de Jesus, sendo, portanto, um milagre, mas tarde aceito também pelo Padre Cícero e outros sacerdotes da redondeza.

A partir de então história de Juazeiro tomou um novo rumo. A notícia espalhou-se rapidamente, e romarias provenientes de todo o Nordeste chegavam dia após dia para ver os panos manchados de sangue bem como receber bênçãos do Padre Cícero. Muitos destes romeiros passaram a compor a população local.

Apesar de ter sido testemunhado por muitas pessoas dignas, dentre eles dezenas de padres da região e ter sido atestado por dois médicos e um farmacêutico como sendo um fato sobrenatural, a igreja nunca considerou o sangramento da hóstia como um milagre. Por conta das decisões de Roma, Padre Cícero injustamente acusado desobediência e de estimular a crença no pretenso milagre, foi punido pela igreja com a suspensão de suas ordens, ficando proibido de celebrar por muitos anos.

Tem início o comércio religioso, constituindo-se na principal fonte de recursos que financiaram as obras e empreendimentos da cidade. O processo de crescimento da cidade também revela a capacidade de organização social da época e a integração entre vida social, política e religiosa. A característica de composição da população por pessoas de fora, se traduz na diversidade cultural que Juazeiro conserva até hoje. Em 1909 havia em Juazeiro 15.000 habitantes. Foram construídas igrejas, abrigos para romeiros, ruas, escolas, fábricas e comércios. Todo esse processo de evolução teve a igreja como principal empreendedora, doando terrenos para instituições e vários estabelecimentos.

Na primeira década do século XX, o povoado de Juazeiro já havia alcançado um considerado nível de desenvolvimento, mas continuava pertencente ao município de Crato. Isso começou a incomodar os juazeirenses, surgindo daí o desejo de independência. Um movimento emancipalista iniciado por eminentes cidadãos locais e liderado pelo Padre Cïcero, o médico baiano Dr. Floro Bartolomeu da Costa, o Padre Joaquim de Alencar Peixoto e o Professor José Teles Marrocos, culminou com a vitória em 22 de julho de 1911, quando foi assinada a Lei No. 1.028 que elevou o povoado à categoria de Vila e Sede do Município. No dia 4 de Outubro de 1911, a Vila de Juazeiro foi inaugurada oficialmente e o Padre Cícero foi empossado como seu primeiro Prefeito ou Intendente, como se chamava naquela época.

No dia 23 de julho de 1914, através da Lei No. 1.178, a Vila de Juazeiro foi elevada à categoria de Cidade. Esta data, porém, não é comemorada. Prevalece a data de criação do município.

Juazeiro cresceu rapidamente e teve grande participação na história política do país. Em uma das mais marcantes passagens, um levante sai de Juazeiro para depor o governador empossado pelo presidente Hermes da Fonseca. Os romeiros de Juazeiro tomam as cidades do Crato, Barbalha, Campos Sales, Iguatu, Senador Pompeu e Quixeramobim, e cercam a capital do Estado fazendo o Governo Federal voltar atrás e nomear outro interventor, ficando o Padre Cícero como vice-presidente (vice-governador) do Ceará. Em outro momento (1934), Pe. Cícero solicitou verba para formação de um batalhão de combate à Coluna Prestes.

No dia 9 de setembro de 1943, em uma reunião realizada na biblioteca municipal foi adotada a denominação de Juazeiro do Norte. Já neste período grandes obras eram realizadas na cidade, como a construção de hospitais, um matadouro público, o 1o campo de aviação do interior, a escola normal, a Capela de N. S. do Socorro, e as estratégias de convivência com a seca.

No dia 20 de julho de 1934, aos 90 anos, morre o Padre Cícero. Todos os seus bens são doados, via testamento do Padre, à ordem Salesiana.

Após a morte de Padre Cícero as romarias se intensificam ainda mais, dinamizando o comércio local. O artesanato, a arte e o folclore têm impulso com a religiosidade. Artesãos, omerciantes, agricultores, músicos, poetas de cordel e pesquisadores cultivam e difundem a figura mística de Pe. Cícero em suas casas, nas ruas, no comércio e na arte, por todo o Brasil.

Juazeiro do Norte cresce a passos largos, tornando-se em pouco tempo a maior cidade do interior cearense.

Padre Cícero Romão Batista

PADRE CÍCERO

PADRE CÍCERO

Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

pesquisaescolar@fundaj.gov.br

O Padre Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato, Ceará, filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Foi batizado no dia 8 de abril pelo Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento, tendo como padrinhos seu avô paterno, Romão José Batista e uma tia materna, Antônia Ferreira Catão.

Aos 7 anos, começou a estudar com o professor Rufino de Alcântara Montezuma e fez sua Primeira Comunhão na matriz do Crato. Aos 12 anos, passou a ser aluno do latinista Padre João Marrocos Teles, professor, por concurso, da cadeira de Latim, criada no Crato por D. Pedro I e com essa idade fez o voto de castidade, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales, como ele próprio afirma no seu testamento. Seu pai, sabendo dos seus progressos na aula régia do prof. João Marrocos, o matriculou no famoso colégio do Padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras, Paraíba. Em 1862 interrompeu seus estudos e retornou ao Crato para cuidar da sua mãe e irmãs solteiras, devido a morte inesperada de seu pai, vítima da cólera-morbo.

Em março de 1865, ingressou no Seminário de Fortaleza, para seguir a carreira eclesiástica, onde é ordenado em novembro de 1870. Regressando ao Crato, em 1871, cantou a sua primeira missa no altar de Nossa Senhora da Penha, na Matriz do Crato e durante esse ano foi professor no colégio ali fundado por José Marrocos. Em abril de 1872, com 28 anos de idade, retorna ao povoado de Juazeiro, onde fixou residência definitivamente.

Iniciou a melhoria da capela do Juazeiro, dedicada a Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar, onde desenvolveu o seu trabalho pastoral, conquistando, desde então, a simpatia da comunidade.

Em 1889, ocorreu a primeira manifestação dos poderes milagrosos a ele atribuídos, quando a hóstia colocada na boca da beata Maria de Araújo se transformou em sangue. O médico Marcos Madeira atestou como sobrenaturais os fenômenos por ele vistos e estudados das hóstias que se transformavam em sangue. Foi chamado à Fortaleza pelo bispo Dom Joaquim José Vieira para um AUTO DE PERGUNTAS sobre o que estava ocorrendo em Juazeiro, para onde é enviada uma primeira Comissão de Inquérito que confirma o que está ocorrendo e envia ao bispo um relatório considerando todos os fenômenos como sendo coisa divina. O bispo não acata nem acredita no relatório, nomeando uma outra Comissão de Inquérito, tendo à frente o Mons. Antonio Alexandrino de Alencar, que mandou buscar a beata Maria de Araújo ao Crato. Ao ministrar-lhe o hóstia esta não se transforma mais em sangue. A Comissão fez um relatório desmentindo tudo e considerando um embuste o ocorrido em Juazeiro e envia-o ao bispo que o acatou, assinando uma portaria, na qual estipulava as seguintes sanções contra o Padre Cícero: ele não podia mais celebrar em Juazeiro, confessar nem pregar na diocese. Era também terminantemente proibido de falar sobre o assunto dos milagres e atender aos romeiros.

Padre Cícero viajou então a Roma, onde teve uma audiência com o Papa Leão XII sendo absolvido de suas penas. Porém o Bispo do Ceará, Dom Joaquim Vieira, publicou a sua pastoral nº 4, decidindo que o sacerdote não poderia celebrar, confessar ou fazer sermões, enquanto não viesse de Roma o decreto de reabilitação.

Proibido de exercer suas funções eclesiásticas, tentou ajudar o povo de Juazeiro através do ingresso na vida política. Com a transformação de Juazeiro em município, foi nomeado pelo governador do Ceará, Nogueira Acioli, prefeito de Juazeiro. Em 1914, a Assembléia Legislativa do Ceará reuniu-se e, por maioria, reconheceu o Padre Cícero como 1º Vice-Governador do Estado.

Em 1916, ele recebeu do novo bispo da diocese do Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, permissão para celebrar na Igreja de Nossa Senhora das Dores, após 24 anos de proibição. Voltando a celebrar começou a receber maior número de romeiros. Alguns comerciantes haviam mandado fabricar medalhas com a sua efígie o que não agradou ao novo bispo. Quando solicitou autorização a Dom Quintino para ser padrinho de uma criança que ia batizar-se, o bispo desgostoso com a notícia de que estavam vendendo medalhas com o retrato do Padre, negou a autorização para apadrinhar e determinou que, a partir daquela data, não mais deveria celebrar.

Ferido, não se revoltou nem reagiu. Aceitou com humildade a decisão do seu bispo, dedicando-se totalmente ao bem da sua cidade de Juazeiro. Era um nome famoso, líder do povo do Nordeste, conselheiro de milhões de pessoas. O povo amava o seu padrinho sofredor. Morreu, no dia 20 de julho de 1934, às 5h da manhã, aos 90 anos, sendo enterrado no dia 21, na presença de mais de 70 mil pessoas.

Recife, 15 de julho de 2003.

(Atualizado em 16 de setembro de 2009).

FONTES CONSULTADAS:

BARBOSA, Geraldo Menezes. História do padre Cícero ao alcance de todos. Juazeiro do Norte:Edições ICVC, 1992. 166p.

OLIVEIRA, Amália Xavier de. O Padre Cícero que eu conheci: a verdadeira história de Juazeiro do Norte. 3.ed. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1981. 344p.

COMO CITAR ESTE TEXTO:

Fonte: Gaspar, Lúcia. Padre Cícero. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

História de Barbalha



A origens da cidade de Barbalha remontam ao início do Século XVIII, quando por doação e em favor do patrimônio religioso no qual deveria ser edificada a primitiva capela, o Capitão Francisco Magalhães Barreto de Sá e sua mulher, D. Maria Polucena de Lima, destinam o lote de terras correspondente. As terras, nas quais estaria encravada essa doação, consistiam na posse, antes adquirida em operação de compra e venda a Inácio de Figueiredo Adorno. Situavam-se no lugar conhecido por Sítio Barbalha, denominação esta que lembrava uma senhora cujo sobrenome Barbalha se fixara no respectivo sítio e que nada mais seria senão uma corruptela de Barbalho. Dada a sua localização, cujo centro geográfico indicava-a como sendo às margens do Riacho Salamanca, daria inicialmente ao povoado esta denominação, até que nos seus estágios evolutivos predominasse o locativo originariamente coesagrado. Reduto de origens feudais, cresceu e se tornou povoado, sendo elevado à categoria de Distrito consoante Lei nº 374, de 17 de Agosto de 1846. Sua elevação à categoria de Município, desmembrado da jurisdição do Crato, provém da Lei nº 1.740, de 30 de Agosto de 1876, quatro anos após ter conquistado foros da Comarca (Lei nº 1.492, de 16/12/1872).


A edificação da primitiva capela, em terreno doado e localizado conforme antes foi dito, teve como precedente formal requerimento do qual foi signatário o próprio Capitão Sá Barreto e até como destinatário o Padre Visitador Manuel Antônio da Rocha. Apreciado o documento e justificada socialmente a sua procedência, houve como resposta o deferimento do qual se geraria a Provisão, datada de 16 de Junho de 1778 e firmado por D. Diogo de Jesus Jardim, donde provém o suscitado objeto, nele constando como padroeiro o casamenteiro Santo Antônio. Firmado o consenso de religiosidade, veio em termos de complemento básico a criação da Freguesia, ainda subordinada à Paróquia de Missão Velha. O seu paroquiato, desvinculando-a da subordinação anterior, provém do Decreto Imperial de 23 de Julho de 1862, tendo como assistente eclesial o padre Castro e Silva, em permuta com o seu colega Francisco da Costa Nogueira. No cabide das sucessões, veio em primeiro turno o padre Manuel Lemos de Aquino, seguido do padre Manuel Roberto Sobreira, empossado a 22 de Maio de 1859 em cuja administração edificou-se a Igreja-Matriz dedicada à Nossa Senhora do Rosário.


Crato



1. HISTÓRIA DO CRATO

O Crato é uma cidade pacata situada na região do Cariri, mais precisamente ao sul do Ceará, ao sopé da Serra do Araripe. Berço da tribo Cariri, índios que habitaram a localidade durante muito tempo. Esta é basicamente a informação que a maioria das pessoas têm a respeito da história do município. Porém, iremos mostrar mais detalhadamente os fatos que marcaram época e os cidadãos ilustres que dedicaram sua vida ao bem estar da comunidade cratense e ao desenvolvimento do seu povo. Buscando conhecer um pouco mais acerca de nossas raízes nos surpreendemos com a beleza e a riqueza dos acontecimentos. Expomos aqui um resumo que pode ser de muita ajuda para aqueles que por ventura possam se interessar pelo assunto.

A região era uma aldeia habitada pelos índios Cariris, um povo pacato, característica que os batizou com esse nome porque no falar de Porto Seguro, Kiriri significa: Calado, tristonho, sincero. Irineu Pinheiro em sua obra O Cariri diz que a palavra Cariri é oriunda de CAA (Mato) e IRA (Mel), ou CAI (Queimado), IRA (Mel) ou RIRÊ (Depois que).
A tribo subdividia-se em grupos de diversas denominações, de acordo com os dialetos falados: Quixeréus, curianêses, Calabaças, Cariús, Tremembés, Pacajus, Icós, Cariris, Carirés, Jucás, Jenipapos, Jandaias, Sucurus, Garanhuns, Chocos, Fulniês, Acenas e Romaria. Qualquer índio da região era conhecido como Cariús, por ser a maior tribo existente na época.
Os índios Cariris eram originários da Ásia e chegaram ao novo mundo pelos rios Amazonas e Tocantins. Dois tipos étnicos chegaram à América no período neolítico: os Sudésticos e os Brasilídios, a procura de um lugar que lhes dessem melhores condições de vida. Os Brasilídios geraram 12 tribos que se espalharam e povoaram quase que completamente o continente sul americano. Expulsos pelos Tupiniquins e tupinambás abrigaram-se à sombra das matas da Borborema, dos Cariris velhos e novos, fixaram-se no leito de alguns rios como: Jaguaribe, Acaraú, Assú e Apodi, etc.

Alguns prosseguiram a sua migração que só foram detidos pelas águas caudais do Rio São Francisco, difícil de serem transpostas e então asenhoraram-se da vasta região que compreende este rio.
Uma dessas tribos foi a nação Cariri que chegou ao sul do Ceará nos séculos IX e X da era Cristã em busca de terras férteis, úmidas, quentes e de fácil plantio, de onde pudesse retirar o sustento da família e conseqüentemente melhor a qualidade de vida. Encontraram no Cariri, mais precisamente no Crato, o ambiente propício às suas aspirações; com suas fontes e riquezas naturais a região propiciou-lhes uma vida fácil e primitiva, retirando da natureza, em abundância, uma diversidade de alimentos como macaúba, babaçu, piqui e araçá, dentre outros. Dedicaram-se ainda ao plantio da mandioca, do milho e do algodão. A caça e a pesca farta nas matas e rios fazia do ambiente um verdadeiro paraíso tropical onde suas famílias puderam viver em paz durante muito tempo.
A vida na tribo era tranqüila. Suas residências eram construídas com a palha da palmeira. Usavam utensílios feitos de forma artesanal como cabaças, cuias e coités. Fabricavam seus utensílios domésticos . Dentre eles destacamos o pilão de socar, a arupemba, o abano, esteiras de palha de palmeira e artigos feitos em cerâmica como vasos, pratos e panelas onde podiam fazer seus cozidos provenientes da farinha de mandioca, (produzida em estilo rudimentar, em casas de farinhas primitivas). e do milho. O bejú, a tapioca, a puba, a canjica, o cuscuz e muitas outras receitas nutritivas vieram dos nossos antepassados indígenas. A maioria destes costumes, comidas e ambientes foram e são utilizados pelas comunidades, até mesmo nos nossos dias.

Nos séculos XVII e XVIII, na Serra do Araripe, os índios cariris foram descobertos pelos povoadores do ´Ciclo do Couro` de Sergipe, Pernambuco e possivelmente da Torre da Bahia. Missões Indígenas espalhados pelos Sertões Pernambucanos catequizaram e civilizarão a tribo Cariri. Documentos antigos relatam a presença dos missionários na região à partir de 1730. È aí que se inicia a história do Crato.

Texto: Evandro Rodrigues de Deus
Assessoria de Imprensa

2. HISTÓRIA DA CIDADE DO CRATO

A cidade do Crato, inicialmente chamada de Missão do Miranda, resultou de um movimento missionário dos Freis Capuchinhos de Recife, cujo objetivo era catequizar e civilizar os povos indígenas. Frei Carlos Maria de Ferrara, frade franciscano, italiano da ordem dos capuchinhos foi enviado para a missão afim de trabalhar com os índios da Tribo Cariri. Cumpriu sua tarefa no período de 1730 à 1750. A igreja católica foi peça fundamental nos primórdios de Criação e desenvolvimento desta cidade, acelerada com a chegada de imigrantes da “ civilização do Couro”, vindos da Bahia, Sergipe e Pernambuco.

Em 03 de Dezembro de 1743, quando a Missão e o aldeamento já se encontravam em plena atividade, o capitão-mor Domingos Alves de Matos e sua mulher, assinaram a escritura de doação das terras para os índios. Ainda neste século, os índios foram manifestando hábitos acentuados de vida social disciplinada e foram reconhecidos como capazes de associar-se a brancos na administração do povoado. Desse modo o ouvidor do Ceará, Vitorino Pinto Soares Barbosa, conferiu personalidade política à povoação de Frei Carlos, atribuindo-lhes os foros de Vila em 21 de Junho de 1764. Nomeado Crato, pela Secretaria de Negócios ultramarinos, em homenagem à homonímia cidade portuguesa de Alentejo, obedecendo a determinação da metrópole que dava poderes ao ouvidor para fundar novas vilas no Ceará, com a recomendação de aplicar-lhes nomes de localidade lusitana.
O Capitão Francisco Gomes de Melo e o índio José Amorim foram os dois primeiros juízes ordinários nomeados. Isto provava que os índios tornavam-se aptos à colaborar na administração pública da vila, que já completara 25 anos. Foi fundado, então, um Corpo de Cavalaria sob o comando do Coronel Antônio Lopes de Andrade. Assim evoluiu no campo político a vila de Frei Carlos, elevada a categoria de cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de Outubro de 1853.

O aumento abusivo dos impostos e da dominação política exercida pela Coroa Portuguesa no país, gerou insatisfação das províncias. Estas organizaram um movimento contra Dom Pedro I. A Revolução Pernambucana de 1817 lutava pela Independência do Brasil de Portugal. O ato espalhou-se por todo o Nordeste e chegou ao Crato. José Martiniano, após missa no púlpito da igreja da Sé catedral, proclamou a independência do Brasil no dia 03 de Maio de 1817. Foi apoiado por sua mãe; Bárbara de Alencar, e pelo irmão Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, que tinham ideais republicanos. Esta atitude deixou muitas personalidades influentes da época insatisfeitas; dentre elas Leandro Bezerra Monteiro, o mais importante latifundiário da região, católico e cheio de ideais monárquicos; mandou prende-los. Tristão Gonçalves,Bárbara de Alencar (aos 57 anos de idade) e José Martiniano são encontrados e presos em Jardim, em 05 de maio de 1817, pelo Capitão Mor José Pereira Filgueira, quando buscavam apoio do tio Leonel Pereira de Alencar, para a causa republicana. Enviados às masmorras de Fortaleza, depois para Salvador e Recife onde foram humilhados e torturados. Posteriormente receberam anistia da coroa e foram soltos.
Os presos políticos foram denominados de “Infames Cabeças”. Enviados para Icó, no Ceará, em seguida para Fortaleza; de lá transferidos para Recife, em Pernambuco e finalmente para a Bahia. Dentre eles estava D. Bárbara, a primeira mulher presa por motivos políticos no Brasil. Durante os três anos e meio que passou na prisão, D. Bárbara foi afastada de sua família, tratada com crueldade e submetida a diversos tipos de humilhações, porém nunca desistiu de seus ideais. Foi libertada em 1820. Veio à óbito em 1832, aos 72 anos, .em na fazenda Touro, no Piauí.

Em 1824 Tristão Gonçalves, aderiu ao movimento da Confederação do Equador e foi aclamado pelos rebeldes presidente da Província do Ceará. Faleceu em combate com as forças contrárias ao movimento em 31 de outubro de 1825.
O Crato ficou dividido entre monarquista e republicanos. Merece destaque o monarquista que ordenou a prisão dos revolucionários: Capitão Joaquim Pinto Madeira, chefe político da Vila de Jardim. Com a renúncia de D. Pedro I em 07 de Abril de 1831, inimigos da monarquia aproveitaram para se vingar de Pinto Madeira, que, na ocasião, armou dois mil Jagunços, com ajuda do vigário de Jardim, Antônio Manuel de Sousa e invadiu o Crato em 1832. Sua tropa Começou vencendo a batalha, porém sucumbiu. Pinto Madeira e Padre Antonio foram presos e Enviados à Recife e ao Maranhão. Em 1834 Pinto Madeira foi condenado a forca, em Crato. Porém, alegando patente de coronel, morreu fuzilado.
Fechando um parêntese da história do cariri, faleceu em 15 de março de 1860, o Senador José Martiniano de Alencar, sem nunca ter desistido de lutar pelas causas republicanas .
Houveram muitos acontecimentos marcantes que marcaram a história do Crato. Dentre eles encontramos a saga do Caldeirão e do Beato José Lourenço. Mas esta já é uma outra história...

em 11 de Setembro de 1636, de um grande massacre no da Comunidade do CALDEIRÃO DO BEATO JOSÉ LOURENÇO, ou irmandade de Santa Cruz, onde foram mortos pelos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) cerca de 700 pessoas somente pelo motivo de viverem um tipo de sociedade igualitária auto-sustentável (em moldes socialistas), o que gerou nos grandes coronéis, no clero e nos grupos sociais conservadores um sentimento de medo e de inveja pela perda de mão de obra barata e seu modo de vida uma ameaça para a sociedade conservadora da época.

Bibliografia:

• A CIDADE DE FREI CRALOS, Pe. Antônio Gomes de Araújo, 1971. Crato-ce.
• Revista Itaytera 1995.

Sítios:
• pt.wikipedia.org/wiki/Crato
• http://www.crato.ce.gov.br/2007/?op=paginas&tipo=pagina&sessao=208&pagina=456