terça-feira, 17 de abril de 2012

História de Várzea Alegre



Várzea Alegre -Ce


São poucos os dados alusivos aos primórdios da colonização de Várzea Alegre. Sabe-se, entretanto, que os pioneiros exploradores da região, em suas caminhadas rumo ao Cariri, onde o Crato era ponto de convergência, deitaram os olhos sobre aquele vale, apelidando-o logo, e para sempre, de Várzea Alegre.

Ressalta-se que Várzea Alegre é um dos poucos municípios do Ceará que nunca mudou de nome.

O município de Várzea Alegre foi criado pela Lei Provincial Nº 1.329, de 10 de outubro de 1870. Desmembrado do município de Lavras da Mangabeira, instalado a 02 de março de 1872 e extinto pelo Decreto Nº 193, de 20 de maio de 1931, quando o seu território ficou anexado ao município de Cedro, mas, restaurado pelo Decreto Nº 1.156, de 04 de dezembro de 1933.

A Paróquia local foi criada no dia 30 de novembro de 1863 sob a invocação de São Raimundo Nonato, sendo seu primeiro vigário o Padre Benedito de Sousa Rego. O seu patrimônio constava de 400 braças de terra em quadrado, doadas em 19 de outubro, pelo Major Joaquim Alves Bezerra, pela sua mulher e por outros irmãos. Segundo a tradição, a primeira Igreja de São Raimundo Nonato foi construída pelos filhos de “Papai Raimundo” o patriarca. O nome de Várzea Alegre foi oficializado pela lei nº 1.329 de 1870, e tem origem na planície ou várzea, onde está situada a cidade. Várzea Alegre destaca-se no cenário cultural do país como a “Terra dos Contrastes”.

Dentre os muitos frutos que esta Várzea Alegre produziu, surgem como responsáveis pelo seu crescimento sócio econômico e cultural, as pessoas de Bernardo Duarte Pinheiro, Raimundo Duarte Bezerra (Papai Raimundo), Antônio Correia Lima, Joaquim de Figueiredo Correia, Otacílio Correia, Josué Alves Diniz, Jornalista Joaquim Ferreira e Padre Vieira, que muito contribuíram para o seu desenvolvimento. Os contrastes inspiram letras de músicas, entre as quais, uma delas - cantada pelo saudoso Luiz Gonzaga, cuja letra tem a assinatura marcante do compositor varzealegrense, José Clementino.


FONTE: PREFEITURA

História de heroismo cearense

Bárbara de Alencar: A inimiga do Rei

O Ceará é terra bárbara de gente de luta e resistência. Terra da Luz e do Sol, onde a marca da coragem dos seus filhos e filhas alumia nossa história. Bárbara de Alencar, mulher libertária e republicana, foi a primeira presa política da história do Brasil.


“Bárbara era feita de pedaços de brisa, certezas e terra ensanguentada” - Caetano Ximenes Aragão

Perseguida pelos poderosos, desta rebelde heroína não restou nenhuma imagem: Bárbara de Alencar teve o seu próprio rosto apagado da História. O cenário é pior do que Dante poderia imaginar naquela pequena cela onde padecia Bárbara de Alencar.

Os ferros ,atados às mãos e pés, arrancam parte da pele e da carne. As roupas, agora reduzidas a trapos, são as mesmas há meses. Os panos tinham sido rasgados pelos próprios prisioneiros e transformados em tiras que forravam os grilhões sobre os ferimentos que se magoavam a cada movimento do corpo. A comida é a mesma sempre: intestino de boi ou tripa cozida como mistura pra farinha seca. Nos cubículos mal não se consegue ficar de pé. O cheiro é terrível pois as necessidades fisiológicas são feitas ali mesmo. Muita dor no corpo e aperto no coração por saber que padecem do mesmo sofrimento os seus filhos, Tristão, Martiniano e José Carlos. Na lembrança, o sonho louco de Liberdade, Independência e República que desencadeou a violenta repressão da corte portuguesa, sediada no Rio de Janeiro.

O passado parecia visagem naquela prisão escura. O que era pesadelo e o que era verdade na vida daquela brava mulher? Para sobreviver, Bárbara pensava no passado de mulher rica, matrona do clã dos Alencar do Crato.

A casa da cidade era caprichosa, primeira construída em pedra e cal sob inspeção do mestre pedreiro vindo de Recife e localizada bem ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha onde amigo íntimo Padre José Carlos celebrava as coisas da Igreja. A casa-grande do Sítio Pau Seco era um pedaço do paraíso, nas proximidades da Chapada do Araripe. Toda aquela paz aparente findou em 1817 , quando os Alencar apoiaram a Revolução iniciada na província rebelde de Pernambuco.

O movimento teve como causas a crise econômica do Nordeste com a decadência das lavouras tradicionais de algodão e açúcar, o monopólio comercial português , a seca de 1816 agravou ainda mais o quadro de miséria. Naquele terreno fértil para a revolta cresceu a influência iluminista que inspirou as revoluções francesa e americana. Os rebeldes queriam a libertação do Brasil e a Proclamação da República.

O caçula José Martiniano era seminarista em Olinda e voltou para o Crato embriagado com promessas de liberdade que espalhou como redenção na missa de domingo, em 3 de abril de 1817. As palavras eram fortes. Denunciavam a exploração do povo pelos portugueses e prometia a liberdade cidadão e republicana. Os presentes não eram poucos e todos aderiram ao movimento.

Mas o movimento era frágil e a reação foi violenta. Durou apenas oito dias a República Independente do Crato. A família Alencar e outros líderes, num total de vinte e cinco pessoas, tiveram os bens consfiscados, foram presos , torturados, enviados para celas em Recife, Fortaleza e Salvador. Acabaram anistiados em 1821 mas a chama rebelde não se apagou. Em 1824 explodiu a Confederação do Equador, movimento republicano e anti-absolutista contra o tirano D. Pedro I. Mais uma vez os Alencar tiveram importante participação. Nessa nova luta rebelde , Bárbara de Alencar, refugiada na fazenda Touro, na divisa do Ceará com o Piauí, chorou a morte dos filhos Tristão e Carlos, assassinados pela reação das tropas imperiais. Na ocasião declarou, “ Eu preferi a sorte ingrata dos meus filhos a receber favores de tirano.”

Acusada de inimiga do rei, dizia ser amiga do povo pois o El-Rei era um estrangeiro que vivia na corte, no Rio de Janeiro, distante e insensível à miséria de minha gente. Dona Bárbara de Alencar morreu no seu refúgio em 1832, aos 72 anos de idade. A sua casa no Crato, embora tombada pelo patrimônio histórico, foi demolida. A heroína não tem rosto mas é a cara de um país que ainda luta por liberdade e dignidade para o seu povo.

Fonte: Blog do Prof. Evaldo e Amigos - Bárbara de Alencar: A inimiga do Rei. Acessado na webpage http://www.evaldolima.com.br/2011/11/barbara-de-alencar-inimiga-do-rei.html.

História do Crato




HISTÓRIA DO CRATO - Resumo Histórico


A Cidade de Crato, que festejou seu centenário em outubro de 1953, reúne um acervo histórico dos mais ricos, que remonta à fundação da vila que a antecedeu, ainda no século dezoito, mais precisamente a 21 de junho de 1764, quando o Ouvidor Vitorino Pinto Soares Barbosa assinou a criação da Vila Real do Crato, denominação dada em homenagem ao lugarejo português localizado no Alentejo. Crato, na realidade, data mesmo do século dezessete, com as "entradas" de exploradores baianos, entre 1660 e 1680, a serviço da Casa da Torre. Por volta de 1750, quando se extinguia o apostolado de Frei Carlos, chegava à região o primeiro engenho vindo de Pernambuco, e a atividade pastoril, que era a principal preocupação dos moradores do lugar, foi substituída pela cultura e o beneficiamento da cana. Aí surgia a aristocracia rural do Cariri, tendo como centro o Brejo Grande (Crato), que se estendia pelos territórios que hoje formam os Municipios de Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Juazeiro do Norte, Farias Brito, Santana do Cariri e Milagres. Ao longo dessa sua existência de mais de dois séculos, Crato testemunhou alguns episódios da maior importância para a História do Ceará. A cidade assistiria, em 1817, a adesão dos seus mais ilustres filhos ao movimento revolucionário em Pernambuco. Na oportunidade, o então jovem subdiácono da Paróquia, Padre José Martiniano de Alencar, na hora do sermão, fez a leitura do manifesto de José Luis Mendonça, membro do Governo Provisório.

Acompanhado de seu irmão, Tristão Gonçalves, encontrou em Jardim a 5 de maio de 1817, o apoio de seu tio Leonel Pereira de Alencar e partiram, cheios de entusiasmo, para fazer a Revolução em terras do Ceará. Durou pouco o seu sonho. Sob o comando do Capitão-Mor José Pereira Filgueiras, as forças fiéis ao Governo sufocaram a rebelião. E algemados, inclusive a grande heroína, Dona Bárbara de Alencar, mãe de José Martiniano e de Tristão como os demais revoltosos, foram remetidos para Fortaleza, onde sofreram sérios padecimentos nos cárceres na capital do Ceará, bem como em Pernambuco e na Bahia. Mais tarde, o mesmo Pereira Filgueiras, que abortara o movimento libertário dos irmãos Martiniano e Tristão Gonçalves de Alencar, chefiaria a rebelião contra a Junta Governativa do Ceará. E Filgueiras, com a sua valentia lendária, estava à frente do povo do Crato, que a 16 de outubro, em Icó, havia criado um Governo Provisório para substituir a Junta.

Em 23 de janeiro de 1823, à frente da sua tropa, Pereira Filgueiras entrava triunfalmente em Fortaleza, instalando o Governo Provisório por ele presidido e consolidando, em terras cearenses, a Independência do Brasil. Essas figuras marcantes da História do Ceará voltariam à cena em 1824, liderando no Ceará a Confederação do Equador. E agora o Capitão-Mor José Pereira Filgueiras, ao lado dos Alencares, e de outros bravos revolucionários, tiveram um triste epílogo. Tristão Gonçalves foi morto num combate nas proximidades da atual cidade de Jaguaretama (ex-Frade), seu tio Leonel e um filho foram assassinados em Jardim por partidários do lmperador. Pereira Filgueiras, quando era transportado, preso, para o Rio de Janeiro, apanhou febre palustre, veio a morrer na vila mineira de São Romão. No cume de Barro Vermelho, Crato assitiria, a 28 de novembro de 1834, ao fuzilamento de Pinto Madeira, que em dezembro do ano anterior invadira a cidade. acompanhado do Cônego Antonio Manuel de Sousa. Um Julgamento considerado faccioso, condenou Pinto Madeira, outro vulto de grandeza histórica, ao fuzilamento naquele bairro do Crato.


Em 1911, a Lei Estadual 1.028, de 22 de julho, desmembrava do Crato o Distrito de Juazeiro. Em 1914, a Bula Papal de 20 de outubro criava a Diocese do Crato, sendo nomeado seu primeiro Bispo, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, que tomou posse a 25 de março de 1916.

HISTÓRIA DO CRATO - Primeiros Habitantes

O Crato está situado na região do Cariri sul do Ceará , ao sopé da Serra do Araripe. É irrigado, em grande parte, por dezenas de fontes perenes, brotadas daquela serra que o separa de Pernambuco. É causa principal da situação privilegiada, que sua natureza desfruta, em contraste com a caatinga ressequida que o circunda. Crato oferece uma feição original e bem caracterizada, quer se considere a sua fácies geográfica, quer as suas origens e sobrevivência étnicas, quer o seu aspecto social. A diferença entre a sua natureza e a da circunvizinhança é bem flagrante. Daí o filho do Cariri, apesar de bem interiorano, sentir que sua região é inteiramente fora do sertão propriamente dito. "Não fica satisfeito o caririense quando alguém o chama de sertanejo, e seu Cariri de sertão. Não toma a palavra sertão no seu sentido mais amplo, na acepção de zona do interior, afastada da faixa litorânea. O Cariri, do Ceará, é uma espécie de zona da mata pernambucana, ou dos brejos da Paraíba". Procede a sua denominação e o de um dos ramos indígenas do Brasil, classificados pelo grande historiador cearense - Capistrano de Abreu, nestes oito grupos: TUPIS GUARANIS,GUAICURUS, NU-ARUAQUES , CARIRIS, GÊS ou TAPUIAS, CARAIBAS, PANOS e ETIAS. Os Cariris (KIRIRIS-SABUJAS de Ehrene¡ch) primeiros habitantes do Crato, estendiam-se do Paraguaçú ao Itapicuru e ai foram encontrados; desde os primeiros tempos da colonização. Senhoreavam, a princípio, o litoral nordestino, onde ainda os viram os portugueses. O nome, no dizer de Porto Seguro, significa TRISTONHO: CALADO, silencioso, outros, o que indica característica etnográfica tanto mais notável, quanto sabido que os outros índios eram terríveis, diz Rodolfo Garcia. (Estevão Pinto - OS INDÍGENAS DO NORDESTE). Esta família foi encontrada ocupando uma área não muito extensa, que se estendia do sul do Ceará ao centro da Bahia e do oeste de Pernambuco as quebradas orientais da Borborema. Mas, nem todo este território estava senhoreado pelas bordas Cariris: elas se tinham localizado nos melhores sítios, nas regiões mais férteis e menos áridas, nos vales frescos ou úmidos, como o que tem o seu nome, no Ceará , nas serras frescas, no vale do rio São Francisco às cabeceiras de alguns rios baianos, da drenagem atlântica, ao norte do rio das Contas. Viviam naquele âmbito, interpostos aos Cariris, tribos Gês, Tupi, fulnil, Tarairiú e outras de origem ainda não determinadas. Ao que se supõe, teriam chegado a esta região, vindos do norte, como era tradição entre eles, e do noroeste. O caminho provável, mais ajustado as condições de vida e a sua cultura neolítica, teria sido o curso navegável de rios caudalosos, no nosso entender o próprio Amazonas e o Tocantins.

Uma vez estabelecidos nas margens e ilhas do São Francisco, depois de algum tempo tiveram de expandir-se, premidos pela necessidade de espaço, com o crescimento das tribos, seguiram então levas para o norte, pela serra de Borborema até alcançarem o rio Salgado, afluente do Jaguaribe, no Ceará , onde foram ocupar o vale entre as serras do Araripe e de S. Pedro, abundante d'água, e todo o vale do rio Salgado, que era então perene. Possivelmente, ainda no Ceará, moravam em trechos limitados das bacias dos rios Cariris, dos Porcos ou Podi-mirim, Rio das Antas, do Rosário E.D. outros, afluentes do Rio Salgado. Viveram no oeste da Paraíba, nas cachoeiras do rio das Piranhas, nos melhores tratos da Serra da Borborema. Outras levas preferiram marchar para o sul e os Cariris, se espalharam pelos sítios mais férteis do oeste de Sergipe, por tratos bem escolhidos das bacias dos rios Itapicuru e Paraguaçu.

Quase nada se sabe da somatologia do Cariri, além de que tinha estatura baixa e cabeça curta. A sua cultura, porém, é bem melhor conhecida, como veremos oportunamente. Por enquanto, basta referir que, como neolítico, praticava a agricultura e usava uma cerâmica relativamente desenvolvida, embora bem inferior a dos Aruaques e Tupis. A família decompunha-se em 4 dialetos seguintes: 1) - Kipéa, na serra dos Cariris: 2) - Dzubucuá , no rio São Francisco; 3) - Camuru, falado na aldeia de Pedra Branca, na Bahia; 4) -Sabujá , na serra da Chapada, na Bahia. Estes dialetos foram mais ou menos estudados, especialmente os dois primeiros. Possivelmente, devem ter existido outros, que se perderam. Os índios dos Cariris Novos, no Ceará , provavelmente usavam um dialeto algo diferente dos referidos, como alguns topônimos deixam suspeitar. Há duas regiões nordestinas com a denominação de Cariri. Uma fica na Paraíba, em zona de natureza inteiramente diferente da do Ceará , e onde impera a caatinga braba, e outra, no sul do Ceará . A região cearense recebeu o nome de CARIRIS NOVOS, uma vez que foi conhecida e colonizada após sua homônima paraibana. Thomaz Pompeu Sobrinho, autoridade incontestável no assunto, de parecer que os primeiros grupos de índios Cariris estabeleceram-se no sul do Ceará, precisamente em Crato, provavelmente no IX e X séculos da era cristã. Vieram do São Francisco, onde teriam chegado no século IV e V, conforme o mesmo cientista e emérito pesquisador.O seu caminho foi o do Riacho da Brígida e do Pajeú, o mesmo que, em parte, seria utilizado pelos povoadores brancos, após a descoberta. Como sucedeu mais tarde com o colonizador, os recursos naturais da terra, com suas fontes a jorrarem perenemente, foram convite eficaz ao invasor aborígene a fixar-se na terra, de acordo com as primitivas condições de vida selvagem. De conformidade com Estevão Pinto, autor de INDÍGENAS DO NORDESTE, os Cariris dividiam-se, de acordo com os respectivos dialetos, nos grupos: Tremembés. Pacajus, Icós, Cariris, Carirés, Jucás, Jenipapos, Jandáias, Sucurus, Garanhuns, Chocós, FuIniês, Acenas, Romaria. Fora desses grupos havia os Calabaças, Curianês, Quixerês, Icosinhos, no Cariri Cearense e circunvizinha: (Pe. Antonio Gomes, A PROVINCIA, Crato).

Muito influíram antigos silvícolas na formação do Cariri. A própria habitação pobre e copiada, em parte, do aborígene e o mocambo, nome de origem africana, que nos veio de Pernambuco, feito de palha palmeira e as paredes de muitas, até do mesmo material, encontrem abundância nas intermináveis matas de babaçus do sul do Ceará. Em desconforto, pouco supera ao selvagem, o morador dos sítios dos subúrbios citadinos. Muitos dos utensílios domésticos nos vieram dos habitat primitivos das selvas. A cerâmica é filha ainda do tosco Cariri nato, as populações se servem ainda das cabaças, cuias e coités, qual os nossos remotos antepassados do mato. O pilão de socar urupemba, abano, esteira de palhas de palmeira e mil outras coisas que se integraram a civilização sertaneja e mesmo das capitais, vieram-nos do selvagem. A cultura da mandioca, com preparo da farinha, foi outra boa herança do índio. Evoluímos pouco no tocante ao seu preparo. Agora, que estamos introduzindo processo mais modernizado na fabricação da farinha, com a utilização do motor para o acionamento da roda do aviamento, o que já é melhoria no método da taba, conforme diz a maioria dos historiadores, a própria Missão do Brejo Miranda criou-se e cresceu à sombra da casa de farinha, em sistema mais rudimentar. As culturas do milho e do algodão foram também conhecidas do índio. No Cariri - Crato, tudo concorria à vida fácil e primitiva, com a natureza a fornecer, em abundância, a macaúba babaçú, piqui, araçá e outras frutas silvestres, além da caça farta das matas, tudo Isso, nessa espécie de paraíso terreal, com dezenas e dezenas de córregos, riachos ; extensos brejos. Restam ainda, sensíveis vestígios da vida do silvícola por estas passagens. Entre a praça da Sé, berço do Crato, e o atual prédio Universidade Regional do Cariri, foram encontradas em escavações alicerces, igaçabas e mais igaçabas. Infelizmente não se pode aproveitá-las inteiras. O trabalhador, ao descobri-las, julga estar diante de botijas, escondidas por ricaço da antiguidade, em sua fuga de lutas armadas constantes. Sem mesmo examiná-las cuidadosamente trata logo de arrebentá-las a enxadecos ou picaretas. Restam, apenas, daquele tesouro que cobiçavam, em sua vida de pobreza, ossos pulverizando-se, em parte, e cacos de barro, alguns com desenhos bem vistosos. Em todo o Vale Caririense, encontram-se colares de pedra sílex ou machadinhas de índios, aos quais o povo chama sempre de corisco. São bem feitos, contornados, atestando assim que seu possuidor já passava pela fase mais evoluída da pedra polida. Haveria inscrições em toda a zona.

Em Exu, município pernambucano, vizinho ao Crato, encravados em zona primitivamente povoada por índios da nação Cariri, na rodovia da ladeira da Gameleira, foram encontradas três igaçabas, que tiveram o mesmo destino das que sempre são descobertas nesta região - destruição. Numa delas, havia cachimbo de pedra entalhado com o máximo de perfeição, inteiramente em estilo incaico. Gameleira fica nas proximidades do chamado Exu Velho, povoação fundada por Capuchinhos e mais antiga que a Missão do Miranda, que deu origem ao Crato. O objeto, pelo bom acabamento, mostra que tivemos, em tempos remotos, povoadores mais adiantados do que o aborígene Cariri, que foi encontrado pelo colonizador, em fins do século XVII para o começo do XVIII. Também podia se dar o caso de sua importação com os índios Cariris, em sua migração da Amazônia para o Nordeste. O elemento autóctone vive, ainda, no meio, através dos seus topinimos de riachos, serras, povoados, fazendas, sítios e, sobretudo, na denominação de inúmeras espécies da rica flora e da fauna caririense , O indígena, que vivia aqui, como em outras importantes regiões nordestinas, era de bravura inexcedível e a significação de seu nome que alguém diz ser covarde, apelido que lhe fora dado pelos tupis, não passa de mentira indigna de registro. Terrível a resistência dos Cariris, diz Capistrano de Abreu em CAMINHOS ANTIGOS E POVOAMENTO DO BRASIL, talvez a mais persistente que os povoadores encontraram em todo o país. Para domá-los, foi preciso que os atacassem no Rio São Francisco, no Jaguaribe, no Parnaíba, por gente de São Paulo, da Bahia, de Pernambuco, da Paraíba, do Ceará. (Irineu Pinheiro - O CARIRI). Como vimos, até bandeirantes paulistas tiveram de romper longos e ínvios caminhos a fim de destruir os mais bravos indígenas que encheram as selvas do Brasil. E este destemor, provado em mil lutas e vicissitudes, ficou também em seu descendente, depois do caldeamento com o branco e, em pequena cota, com o negro. O mestiço do Cariri, pela sua afoiteza em lutas individuais, de cacete ou de facas, com o nó na camisa, ou nos movimentos típicos da guerra da Independência, dos campos do Paraguai, do desbravamento da Amazônia, nos embates contra a natureza hostil, e autêntico herói nacional. - digno de ser amparado pelos poderes públicos para que tanta energia indomável não venha a soçobrar, pela miséria coletiva.Lord Cochrane, o almirante inglês a serviço da independência do Brasil, chegou a conhecer alguns dos seus elementos, em Fortaleza, no mês de outubro de 1824, quando abafou a Confederação do Equador no Ceará . Tais índios, que acompanharam Filgueiras e Tristão Gonçalves até Fortaleza, durante os acontecimentos heróicos e trágicos de 1824, naturalmente procediam do Cariri, pois constituíam a gente de confiança com que sempre contaram eles nas memoráveis lutas de1822, 1823 e 1824.

As tribos pertencentes aos Cariris apareceram contra ou a favor, nas expedições de Garcia d'Avila, o bandeirantes da Casa da Torre e também acompanharam as duas facções em litígio na terrível luta entre as famílias Feitosa e Monte, responsáveis por muita sangueira nos sertões cearenses. Conforme afirma o Conselheiro Tristão de A. Araripe, os indígenas do Cariri e Inhamuns ficaram com a primeira, enquanto Calabaças e Icós agruparam-se em torno dos montes. O escritor Gustavo Barroso, secundando outros historiadores, Fala-nos de uma Confederação dos Cariris entre os séculos XVII e XVIII, a qual ia pondo em perigo .a colonização lusitana no Nordeste. O móvel principal da luta foi a guerra sem trégua que o índio fazia à criação que considerava caça comum e que podia ser abatida como qualquer animal do mato Vejamos pequeno trecho de Gustavo Barroso, que foi um dos maiores cronistas que o Ceará já possuiu, recolhida de seu livro póstumo 'A MARGEM DA HISTÓRIA DO CEARA.' "No Sul do Brasil, a famosa Confederação dos Tamoios, decantada em prosa e em verso, ameaçou a dominação portuguesa. No Nordeste, especialmente no Rio Grande do Norte e no Ceará , a Confederação dos Cariris, embora muito menos falada, quase destruiu, em seus fundamentos, a colonização lusa. Os Cariris eram uma nação indômita e inquieta, de língua travada, como se dizia, isto é, que não falava o idioma tupi. Habitavam o sertão, mas ao longo dos rios, de suas cabeceiras se estendiam até as proximidades da costa. Ocupavam a vastíssima região compreendida entre a margem esquerda do Rio São Francisco e as quebradas das serras do Araripe e da Ibiapaba. Combatidos pelos bandeirantes baianos da Casa da Torre de Garcia d'Avila, com eles as vezes se aliaram para dar caça a outros indígenas seus inimigos. Escuros, altos, membrudos, ornados de penas negras, carrancudos e tristonhos, figuram nos documentos antigos com os vários nomes de Cariris, Cariris, Kiriris e até Alarves. Essas denominações cabiam ao seu ramo principal. Com outros ramos do mesmo sangue. usavam apelidos diferentes. Evangelizaram-nos no alto do São Francisco, no século XVII, os capuchinhos franceses Martin de Nantes, Teodoro de Luci, Bernardo de Nantes, Boaventura de Becherel, Anastácio de Audieme e José de Ploermel. Deve-se ao primeiro a interessantíssima Relation succinte e sincére de la Mission du Pe. Martin de Nantes, prédicateur capucin, missionaire apostolique dans le Brasil parmi les indiens appelés Cariris. No Ceará , aldearam-nos, no século XVIII, os franciscanos italianos Carlos Maria de Ferrara, Francisco de Palermo e Joaquim de Veneza, os frades carmelitas fundadores de Missão Velha e Missão Nova e o jesuíta Jacob Cochle. Todavia, em 1780, restavam poucos descendentes dessas tribos bravias, que foram transferidos para as vilas de índios mansos das cercanias da sede da Capitania do Ceará : Paupina ou Messejana. Arronches ou Parangaba, Caucaia ou Soure, onde foram, dentro de algum tempo, absorvidos pela população local. O historiador cearense Catunda achava os Cariris de inteligência inferior e incapazes de receber o menor grau de cultura. Também os considerava mais antropófagos do que os outros índios e sem qualquer noção de propriedade. O Padre Mamiani que foi grande estudioso do Cariri afirma que ele não praticava a antropofagia e Beton que era hábil na tecelagem do algodão. Sua agricultura era bem desenvolvida . Conforme assegura Walter Pompeu, no CEARÁ COLÔNIA, o dialeto Cariri é extremamente simples e, como o Tupi, faltavam-lhe as letras do alfabeto F, L, J, Z, e V.

Fonte: O Crato Virtual - website construído por Dihelson Mendonça, Josane Garcia, Sérgio Ribeiro Bastos e Haoni Caiena em 1998, sob supervisão de Huberto Cabral para a administração Raimundo Bezerra. Agora, parte integrante da seção "História do Crato", do Blog do Crato.
Fonte: O Crato Virtual - website construído por Dihelson Mendonça, Josane Garcia, Sérgio Ribeiro Bastos e Haoni Caiena em 1998, sob supervisão de Huberto Cabral para a administração Raimundo Bezerra. Agora, parte integrante da seção "História do Crato", do Blog do Crato.

Outras informações podem ser obtidas no nosso site HISTÓRIA DO CARIRI:

www.historiadocariri.com
http://blogdocrato.blogspot.com.br/p/historia-do-crato.html

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Ceará e sua história

A História do Ceará

O fidalgo sem fidalguia...

A capitania hereditária do Ceará, presente de D. João III, ao descansado Antonio Cardoso de Barros, passou mais de sessenta anos abandonada. O fidalgo, nem tão fidalgo assim ignorou o precioso presente e por todo esse tempo não tomou a menor providência no sentido de colonizar a terra cearense.

Em 1603, Pero Coelho de Sousa obteve de Diogo de Botelho, então Governador Geral do Brasil, a patente de Capitão-Mor com a finalidade de colonizar a capitania do Ceará. Pero Coelho, porém acabou fugindo como um coelho assustado (desculpem o trocadilho) depois de enfrentar os índios Tabajaras que habitavam a serra da Ibiapaba e foi tentar melhor sorte na barra do rio Ceará, onde ergueu uma fortificação a que deu o nome de São Tiago. Contudo, uma terrível seca nos anos de 1605 e 1606, assustou novamente Pero Coelho e desta vez era para assustar mesmo, pois muitos morreram, de fome e de sede, durante a retirada do infeliz colonizador.

Os Jesuítas e os índios poliglotas...

Em 1607 chegaram os primeiros jesuítas da Companhia de Jesus. Então os padres Luis Figueira e Francisco Pinto iniciaram o difícil trabalho de catequese dos silvícolas nas terras cearenses. Porém, nem todos os índios aceitavam os estrangeiros e os tocarijus, uma das nações mais ferozes, atacaram os infelizes religiosos numa emboscada na mata. Do ataque, resultou o trucidamento do Padre Francisco Pinto. O Padre Luis conseguiu escapar. Não se sabe os motivos da violenta ação dos silvícolas, mas é justo supor que os tocarijus não viam com bons olhos a invasão do seu país e a destruição da sua cultura.

Os jesuítas, ao invés de ensinarem técnicas úteis, insistiam em ensinar, entre outras inutilidades, retórica, português e até latim. Quando os religiosos foram embora, os "índios poliglotas" voltaram para as matas menos preparados para a caça e a pesca, atividades primitivas que lhes garantiam a subsistência.

Soares Moreno não beijou a virgem dos lábios de mel...

Nova ação colonizadora chega ao Ceará em 1612, chefiada pelo capitão Soares Moreno. Desembarcou direto na Barra do Ceará, onde já sabia existir uma fortificação, resultante da expedição de Pero Coelho de Sousa, da qual o capitão também fizera parte. Moreno, muito habilidoso e inteligente, logo fez amizade com os chefes indígenas. Construiu o forte de São Sebastião aproveitando as ruínas do São Tiago erguido por Pero Coelho e também uma capelinha ao lado a qual chamou de Nossa Senhora do Amparo. Era o primeiro núcleo da civilização cearense. O capitão, porém, era constantemente chamado para combater ora os franceses que invadiam o Maranhão, ora os Holandeses que ocupavam Pernambuco e assim de uma dessas viagens acabou não voltando mais.

Benquisto, Soares Moreno deixou muitas saudades, tanto que foi personagem do romance Iracema, de José de Alencar. A obra aliás, apesar de ser pura ficção, é às vezes, ingenuamente, cobrada como realidade. Portanto, o bravo capitão não beijou os famosos lábios de mel da musa de Alencar.

Os teimosos holandeses no Ceará...

Em 1637 a capitania do Ceará foi invadida pelos holandeses que tomaram o Forte São Sebastião e hastearam a bandeira holandesa. A expedição foi enviada pelo príncipe Maurício de Nassau. O forte resistiu bravamente com apenas 33 homens sob o comando do valente Bartolomeu de Brito mas, a pouca munição facilitou as coisas para os invasores. Os holandeses permaneceram em terras cearenses durante sete anos até que os índios se revoltaram e trucidaram todos até os chefes. Prenunciava-se aí a bravura de uma raça.

Mas os holandeses voltaram no ano de 1649, com mais de trezentos homens numa expedição chefiada por Matias Beck que fundou às margens do riacho Pajeú, o Forte Schoonenborch e uma vila .Os teimosos invasores foram finalmente banidos da capitania por Álvaro de Azevedo Barreto em 1654. O valente libertador construiu sobre as ruínas do Schoonenborch o Forte de Nossa Senhora da Assunção, atualmente quartel da décima região militar.

Em volta deste nasceu Fortaleza. Esta no entanto, não foi a primeira capital do Ceará, a primeira capital foi Aquiraz.

A primeira vila e a primeira capital

A carta régia para a criação da primeira vila do Ceará foi datada de 13 de janeiro de 1699, mas a fundação, de fato, foi no dia 25 de janeiro de 1700.As eleições para escolher os vereadores da câmara aconteceram no Iguape, localidade próxima da sede atual do município de Aquiraz.

Os primeiros habitantes foram os índios aquirases. A vila foi denominada São José de Ribamar e teve a sua sede transferida várias vezes. Ora para as margens do Rio Pajeú, ora para a Barra do Ceará, até se fixar finalmente, a partir de 1713, em Aquiraz , nome (atualmente grafado com "z") que significa: "gente da terra". Nos fins do século XVII, esse município abrigou a primeira sede do Governo do Ceará ou seja, a capital do estado.

Aquiraz, o tesouro dos jesuítas e os santos na cadeia...

Aquiraz surgiu em 1713 às margens do Rio Pacoti. Para aí se dirigiram, em 1727, os missionários da Companhia de Jesus e fundaram um convento ou hospício. Ainda se encontra de pé, embora em ruínas, uma sólida parede da capela, constituída de pedras e tijolos de barro cozido, que provavelmente resistirá firme por muito tempo.Os habitantes locais, sobretudo os mais velhos, ainda hoje falam muito de um tesouro que teria sido deixado enterrado pelos jesuítas durante a desastrosa fuga de 1759 quando foram expulsos do território brasileiro por Marquês de Pombal. Alguns até hoje arriscam cavando aqui e ali quem sabe um dia...

Embora transcorridos tantos anos, Aquiraz continua a evocar o passado longínquo em quase todos os seus detalhes. O progresso arrasador de tradições, felizmente, ainda não se fez presente de modo decisivo. Não fugindo a regra geral das cidades coloniais, o centro do município volta-se todo para a pracinha da Matriz, onde ao cair da tarde as mocinhas passeiam, fingindo sempre indiferença aos olhares cobiçosos dos outrora tímidos rapazes locais.

Também voltado para a pracinha, encontra-se o Museu Sacro São José de Ribamar. O repositório apresenta uma grande variedade de relíquias sacras, datando dos séculos, XVIII e XIX, principalmente pratarias e imagens de santos.O mais curioso no entanto, é que o museu ocupa um velho e sólido casarão que já foi sede da Capitania do Ceará, mas depois passou a cadeia pública. Como na época, há uns trinta anos, quase não existia criminalidade na região, acharam melhor botar, guardar era a intenção, tudo quanto era santo na cadeia. Isto é, no prédio que até então era destinado a esse fim e assim nasceu o museu sacro.

A Terra da Luz

O Ceará é conhecido pelo cognome de Terra da Luz. Muita gente julga que é devido ao seu forte sol tropical. Nada disso. Esse honroso título, dado por José do Patrocínio, se deve ao fato da então província ter abolido a escravatura antes do Brasil. Na verdade o povo cearense nunca gostou mesmo de escravizar os seus semelhantes e a prova disso é que muitos senhores de escravos libertaram os seus negros ainda antes de 25 de março de l884, data em que, sem dar a menor satisfação a D.Pedro II, o Ceará libertou, definitivamente, os seus escravos.

Antes, porém, foram promovidas muitas campanhas abolicionistas lideradas por João Cordeiro, líder do movimento abolicionista no Ceará que ao lado dos igualmente bravos Antônio Bezerra e José do Amaral, lutaram para libertar, pelo menos o Ceará, da vergonha da escravidão.

Os lideres sempre tiveram o apoio e o carinho do povo. No entanto, a primeira ação prática e drástica para acabar com a escravatura, foi de Francisco José do Nascimento, até então apelidado por Chico da Matilde e que depois seria chamado de "Dragão do Mar". Francisco José era um mercador de escravos que, depois de convencido pelos abolicionistas, num rompante bem cearense, afirmou que nunca mais embarcaria escravos para o Ceará e nem permitiria que ninguém o fizesse. Isso aconteceu em 30 de agosto de l881. Com a atitude do mercador, tornou-se impossível receber ou embarcar escravos no porto do Ceará. Por esse gesto heróico, Francisco José do Nascimento foi cognominado de "Dragão do Mar", nome que é hoje dado a um centro de cultura e a uma rádio de Fortaleza. centro de cultura e a uma rádio de Fortaleza.

PRIMEIROS HABITANTES DOS INHAMUNS

Quando os colonizadores chegaram aos Inhamuns encontraram essas terras habitadas pelos índios jucás, cuja ocupação de terras sob seus domínios ficavam entre os atuais municípios de Jucás e Arneiroz.

Como forma de defenderem-se dos ataques de invasores, os índios construíram uma fortaleza no saco do Coronzó, conhecida como as Muralhas Rochosas, que fica ao lado da Serra Grande. Essa fortaleza servia também para demarcar o território indígena.

Na chapada da Serra Grande, os índios jucás cultivavam mandioca, com a qual faziam a farinha para sua alimentação; tinham também habilidades no preparo de amêndoas do faveleiro e bolo da substância retirada do caroço de mucunã. Nos anos escassos, os jucás alimentavam-se de misturas preparadas com raízes, como a da mandioca, coroatá e mucunã. No verão, além de se alimentarem da caça e da pesca, completavam sua alimentação com as frutas do umbuzeiro, encontrado com abundância ao longo do Rio Umbuzeiro.

Em defesa de suas terras, os índios jucás entraram em confronto com seus vizinhos, os índios crateús e os quixelô, e travaram lutas com os colonizadores.

É importante ressaltar que o território tinha significado diferenciado para os povos indígenas e colonizadores. Para os nativos, além de ser meio de sobrevivência, o território constituía-se em um valor simbólico, através do qual se definia a identidade; enquanto que para os colonizadores a terra era sobretudo um meio de produção e exploração.

A ocupação das terras do Sertão dos Inhamuns se deu no inicio do século XVIII, onde os índios foram caçados, presos, mortos e/ou domesticados, ocasionando um massacre de vidas e um etnocídio (massacre cultural).

Antonia Gecina Moreira Mota

Yonara Mota de Assis Castro

(Universitárias da Universidade Estadual do Ceará)

BIBLIOGRAFIA

SOUSA, Simone de (Org. ) Uma nova história do Ceará. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2000. 447p.

VALE, Ana Moreira et al. Descobrindo e construindo Tauá. Fortaleza: Demócrito Rocha, 1999. 118p.

Source of the web: http://www.nacaomestica.org/ceara_historia_marcos.htm acesso em 06 de abril de 2012.