1. HISTÓRIA DO CRATO
O Crato é uma cidade pacata situada na região do Cariri, mais precisamente ao sul do Ceará, ao sopé da Serra do Araripe. Berço da tribo Cariri, índios que habitaram a localidade durante muito tempo. Esta é basicamente a informação que a maioria das pessoas têm a respeito da história do município. Porém, iremos mostrar mais detalhadamente os fatos que marcaram época e os cidadãos ilustres que dedicaram sua vida ao bem estar da comunidade cratense e ao desenvolvimento do seu povo. Buscando conhecer um pouco mais acerca de nossas raízes nos surpreendemos com a beleza e a riqueza dos acontecimentos. Expomos aqui um resumo que pode ser de muita ajuda para aqueles que por ventura possam se interessar pelo assunto.
A região era uma aldeia habitada pelos índios Cariris, um povo pacato, característica que os batizou com esse nome porque no falar de Porto Seguro, Kiriri significa: Calado, tristonho, sincero. Irineu Pinheiro em sua obra O Cariri diz que a palavra Cariri é oriunda de CAA (Mato) e IRA (Mel), ou CAI (Queimado), IRA (Mel) ou RIRÊ (Depois que).
A tribo subdividia-se em grupos de diversas denominações, de acordo com os dialetos falados: Quixeréus, curianêses, Calabaças, Cariús, Tremembés, Pacajus, Icós, Cariris, Carirés, Jucás, Jenipapos, Jandaias, Sucurus, Garanhuns, Chocos, Fulniês, Acenas e Romaria. Qualquer índio da região era conhecido como Cariús, por ser a maior tribo existente na época.
Os índios Cariris eram originários da Ásia e chegaram ao novo mundo pelos rios Amazonas e Tocantins. Dois tipos étnicos chegaram à América no período neolítico: os Sudésticos e os Brasilídios, a procura de um lugar que lhes dessem melhores condições de vida. Os Brasilídios geraram 12 tribos que se espalharam e povoaram quase que completamente o continente sul americano. Expulsos pelos Tupiniquins e tupinambás abrigaram-se à sombra das matas da Borborema, dos Cariris velhos e novos, fixaram-se no leito de alguns rios como: Jaguaribe, Acaraú, Assú e Apodi, etc.
Alguns prosseguiram a sua migração que só foram detidos pelas águas caudais do Rio São Francisco, difícil de serem transpostas e então asenhoraram-se da vasta região que compreende este rio.
Uma dessas tribos foi a nação Cariri que chegou ao sul do Ceará nos séculos IX e X da era Cristã em busca de terras férteis, úmidas, quentes e de fácil plantio, de onde pudesse retirar o sustento da família e conseqüentemente melhor a qualidade de vida. Encontraram no Cariri, mais precisamente no Crato, o ambiente propício às suas aspirações; com suas fontes e riquezas naturais a região propiciou-lhes uma vida fácil e primitiva, retirando da natureza, em abundância, uma diversidade de alimentos como macaúba, babaçu, piqui e araçá, dentre outros. Dedicaram-se ainda ao plantio da mandioca, do milho e do algodão. A caça e a pesca farta nas matas e rios fazia do ambiente um verdadeiro paraíso tropical onde suas famílias puderam viver em paz durante muito tempo.
A vida na tribo era tranqüila. Suas residências eram construídas com a palha da palmeira. Usavam utensílios feitos de forma artesanal como cabaças, cuias e coités. Fabricavam seus utensílios domésticos . Dentre eles destacamos o pilão de socar, a arupemba, o abano, esteiras de palha de palmeira e artigos feitos em cerâmica como vasos, pratos e panelas onde podiam fazer seus cozidos provenientes da farinha de mandioca, (produzida em estilo rudimentar, em casas de farinhas primitivas). e do milho. O bejú, a tapioca, a puba, a canjica, o cuscuz e muitas outras receitas nutritivas vieram dos nossos antepassados indígenas. A maioria destes costumes, comidas e ambientes foram e são utilizados pelas comunidades, até mesmo nos nossos dias.
Nos séculos XVII e XVIII, na Serra do Araripe, os índios cariris foram descobertos pelos povoadores do ´Ciclo do Couro` de Sergipe, Pernambuco e possivelmente da Torre da Bahia. Missões Indígenas espalhados pelos Sertões Pernambucanos catequizaram e civilizarão a tribo Cariri. Documentos antigos relatam a presença dos missionários na região à partir de 1730. È aí que se inicia a história do Crato.
Texto: Evandro Rodrigues de Deus
Assessoria de Imprensa
2. HISTÓRIA DA CIDADE DO CRATO
A cidade do Crato, inicialmente chamada de Missão do Miranda, resultou de um movimento missionário dos Freis Capuchinhos de Recife, cujo objetivo era catequizar e civilizar os povos indígenas. Frei Carlos Maria de Ferrara, frade franciscano, italiano da ordem dos capuchinhos foi enviado para a missão afim de trabalhar com os índios da Tribo Cariri. Cumpriu sua tarefa no período de 1730 à 1750. A igreja católica foi peça fundamental nos primórdios de Criação e desenvolvimento desta cidade, acelerada com a chegada de imigrantes da “ civilização do Couro”, vindos da Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Em 03 de Dezembro de 1743, quando a Missão e o aldeamento já se encontravam em plena atividade, o capitão-mor Domingos Alves de Matos e sua mulher, assinaram a escritura de doação das terras para os índios. Ainda neste século, os índios foram manifestando hábitos acentuados de vida social disciplinada e foram reconhecidos como capazes de associar-se a brancos na administração do povoado. Desse modo o ouvidor do Ceará, Vitorino Pinto Soares Barbosa, conferiu personalidade política à povoação de Frei Carlos, atribuindo-lhes os foros de Vila em 21 de Junho de 1764. Nomeado Crato, pela Secretaria de Negócios ultramarinos, em homenagem à homonímia cidade portuguesa de Alentejo, obedecendo a determinação da metrópole que dava poderes ao ouvidor para fundar novas vilas no Ceará, com a recomendação de aplicar-lhes nomes de localidade lusitana.
O Capitão Francisco Gomes de Melo e o índio José Amorim foram os dois primeiros juízes ordinários nomeados. Isto provava que os índios tornavam-se aptos à colaborar na administração pública da vila, que já completara 25 anos. Foi fundado, então, um Corpo de Cavalaria sob o comando do Coronel Antônio Lopes de Andrade. Assim evoluiu no campo político a vila de Frei Carlos, elevada a categoria de cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de Outubro de 1853.
O aumento abusivo dos impostos e da dominação política exercida pela Coroa Portuguesa no país, gerou insatisfação das províncias. Estas organizaram um movimento contra Dom Pedro I. A Revolução Pernambucana de 1817 lutava pela Independência do Brasil de Portugal. O ato espalhou-se por todo o Nordeste e chegou ao Crato. José Martiniano, após missa no púlpito da igreja da Sé catedral, proclamou a independência do Brasil no dia 03 de Maio de 1817. Foi apoiado por sua mãe; Bárbara de Alencar, e pelo irmão Tristão Gonçalves de Alencar Araripe, que tinham ideais republicanos. Esta atitude deixou muitas personalidades influentes da época insatisfeitas; dentre elas Leandro Bezerra Monteiro, o mais importante latifundiário da região, católico e cheio de ideais monárquicos; mandou prende-los. Tristão Gonçalves,Bárbara de Alencar (aos 57 anos de idade) e José Martiniano são encontrados e presos em Jardim, em 05 de maio de 1817, pelo Capitão Mor José Pereira Filgueira, quando buscavam apoio do tio Leonel Pereira de Alencar, para a causa republicana. Enviados às masmorras de Fortaleza, depois para Salvador e Recife onde foram humilhados e torturados. Posteriormente receberam anistia da coroa e foram soltos.
Os presos políticos foram denominados de “Infames Cabeças”. Enviados para Icó, no Ceará, em seguida para Fortaleza; de lá transferidos para Recife, em Pernambuco e finalmente para a Bahia. Dentre eles estava D. Bárbara, a primeira mulher presa por motivos políticos no Brasil. Durante os três anos e meio que passou na prisão, D. Bárbara foi afastada de sua família, tratada com crueldade e submetida a diversos tipos de humilhações, porém nunca desistiu de seus ideais. Foi libertada em 1820. Veio à óbito em 1832, aos 72 anos, .em na fazenda Touro, no Piauí.
Em 1824 Tristão Gonçalves, aderiu ao movimento da Confederação do Equador e foi aclamado pelos rebeldes presidente da Província do Ceará. Faleceu em combate com as forças contrárias ao movimento em 31 de outubro de 1825.
O Crato ficou dividido entre monarquista e republicanos. Merece destaque o monarquista que ordenou a prisão dos revolucionários: Capitão Joaquim Pinto Madeira, chefe político da Vila de Jardim. Com a renúncia de D. Pedro I em 07 de Abril de 1831, inimigos da monarquia aproveitaram para se vingar de Pinto Madeira, que, na ocasião, armou dois mil Jagunços, com ajuda do vigário de Jardim, Antônio Manuel de Sousa e invadiu o Crato em 1832. Sua tropa Começou vencendo a batalha, porém sucumbiu. Pinto Madeira e Padre Antonio foram presos e Enviados à Recife e ao Maranhão. Em 1834 Pinto Madeira foi condenado a forca, em Crato. Porém, alegando patente de coronel, morreu fuzilado.
Fechando um parêntese da história do cariri, faleceu em 15 de março de 1860, o Senador José Martiniano de Alencar, sem nunca ter desistido de lutar pelas causas republicanas .
Houveram muitos acontecimentos marcantes que marcaram a história do Crato. Dentre eles encontramos a saga do Caldeirão e do Beato José Lourenço. Mas esta já é uma outra história...
em 11 de Setembro de 1636, de um grande massacre no da Comunidade do CALDEIRÃO DO BEATO JOSÉ LOURENÇO, ou irmandade de Santa Cruz, onde foram mortos pelos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) cerca de 700 pessoas somente pelo motivo de viverem um tipo de sociedade igualitária auto-sustentável (em moldes socialistas), o que gerou nos grandes coronéis, no clero e nos grupos sociais conservadores um sentimento de medo e de inveja pela perda de mão de obra barata e seu modo de vida uma ameaça para a sociedade conservadora da época.
Bibliografia:
• A CIDADE DE FREI CRALOS, Pe. Antônio Gomes de Araújo, 1971. Crato-ce.
• Revista Itaytera 1995.
• pt.wikipedia.org/wiki/Crato
• http://www.crato.ce.gov.br/2007/?op=paginas&tipo=pagina&sessao=208&pagina=456
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